sábado, 9 de fevereiro de 2008

Questionamento muito geral sobre as religiões

Tenho trocado e-mails com amigos meus sobre a minha recente conversão.
Muitos têm estranhado essa minha mudança drástica.
Como disse um amigo meu: "foi grande a surpresa que eu tive (e acredito que todos tivemos) ao saber da sua conversão. Isso se deu porque a idéia que tínhamos de ti era a de uma pessoa que buscava exaustivamente explicações sobre tudo. Crítico insistente de qualquer idéia que não fosse submetida a horas de discussão e comprovações".

Pois é...
Mas vale salientar um detalhe: eu não mudei.
Continuo querendo discutir tudo e chegar às conclusões que me pareçam corretas, mesmo quando a conclusão é de que não há meios racionais de se explicar determinadas coisas, e aí, eu entrego a Deus.
Mas dentro dos limites da razão, estarei lá, exaustivamente buscando uma forma de justificar para mim mesmo a minha entrega emocional ao que está além disso tudo, ao que eu não vejo mas sinto tão forte em mim.

Afinal, não acredito que Deus tenha nos criado com essa capacidade imensa e complexa de raciocínio para que nos entreguemos a algo sem pensar. Tenho certeza que Deus se regozija com a genialidade de Einstein (que, vale lembrar, acreditava indubitavelmente Nele) e se deleita ao nos ver buscando Ele com toda nossa força intelectual por mais que isso torne a nossa entrega mais difícil e demorada.
Uma amiga minha disse que ia me emprestar um livro de um cientista que passou sua vida tentando provar a não-existência de Deus. Finalmente, ele desistiu e virou pastor! =)
kkk
Estou curiosíssimo para ler. Imagine o testemunho que um homem desse pode trazer a tantos céticos nesse mundo!

Enfim...
Recebi um e-mail de um amigo que me perguntava por que eu tinha entrado na religião em específico.
Isso porque eu lhe havia dito que já acreditava, antes da minha conversão, em algo superior, alguma força suprema que regesse tudo.
A pergunta dele foi: "Mas por que escolher essa religião em específico então?"'
Segue a minha resposta.
No entanto quero dizer antes que o que digo nessa resposta é a minha forma atual de perceber as coisas, é a forma pela qual consigo seguir na fé no meu estado de hoje.
Por idéias muito menos radicais pessoas foram declaradas hereges. Mas não estou preocupado com classificação religiosa.
Como eu falei no post passado: Quem busca Deus de verdade, encontra o Deus verdadeiro.
"Buscai-me de todo vosso coração e me encontrareis" (Dt 4:29)
E por isso afirmo: me encontrarei com Deus! Mesmo que eu chegue a conclusão de que para isso eu tenha que mudar drásticamente a minha maneira de ver as coisas.
Se alguém está convicto de algo absolutamente diferente de mim eu lhe digo que tenha paciência pois se no final das contas só há, como ele pensa, uma única maneira de entrar em comunhão com Deus, então terminarei com certeza aderindo a esta maneira.
Mas caso haja várias, quero lembrar O mandamento de Deus, aquilo que resume toda a Bíblia, aquilo que representa a essência do nosso Pai: Amai ao próximo assim como amam a si mesmo.
E "amar ao próximo" é "respeitar o próximo", inclusive suas escolhas e diferenças...

Segue então meus primeiros passos na fé:

PERGUNTA: Por que escolher essa religião em específico?

O que acontece é que antes disso tudo (minha conversão) eu aceitava a idéia de que havia de ter algo superior. Certo. Mas era uma consciência, ou uma "idéia", de algo superior exterior a mim mesmo. Não me preocupava com a essência do que seria essa "coisa" superior. Tinha a idéia de que esse ser superior estava muito alem da capacidade humana de entendimento. Afinal, como disse muito sabiamente o pastor Ricardo Gondim: "Deus escapa a capacidade de qualquer raciocínio humano". Isso me mantinha distante sequer de uma tentativa de aproximação de Deus.

Mas Gondim também diz: "Vale, sim, indagar a relação de Deus com a humanidade".

Eu acho essa frase genial!
Porque assume que a nossa percepção de Deus deve existir via nossa cultura, sendo o ser humano um ser essencialmente cultural.

O que seria a nossa percepção de Deus?

Seria tudo aquilo que nos coloca em contato com a essência da vida.
Quem teria a pretensão de afirmar que sua percepção da vida é a correta?

É no entanto o que as religiões pretendem. E por incrível que pareça, elas têm chegado a resultados que fazem sentido e têm efeitos concretos sobre a vida.

A Bíblia é enorme e conta muita coisa. No entanto, Jesus Cristo resumiu a Bíblia inteira em dois mandamentos: "Amai a Deus acima de todas as coisas" e "Amai ao próximo como amam a si mesmo". Para mim, esses dois mandamentos são um só na realidade. E ele resume todo o Livro Sagrado. O resto da Bíblia conta na realidade a história de um povo (o povo judeu e outros que foram influenciados pela sua cultura) em busca e em contato com essa essência suprema, a essência da vida.

E sabe o que é mais maravilhoso?
Se você for pesquisar as máximas de praticamente todas as principais religiões do mundo (cristianismo, judaísmo, budismo, hinduísmo) e até mesmo algumas religiões tribais do interior da África, você descobre que resumindo tudo se chega a mesma conclusão: Faça o bem para o outro. Aja com o outro assim como você gostaria que agissem com você.
Isso para mim revela a incontestabilidade da essência de Deus: o Amor.
É maravilhoso!
São os seres humanos pelo mundo inteiro, de culturas diferentes, conseguindo entrar em contato com a essência de Deus, com a essência da vida!
Não deixe que as pessoas lá da igreja me ouçam dizer isso mas: Acredito que Deus se revela das maneiras mais diferentes segundo as diferentes culturas. Não existe o Deus judaico, o Deus budista, o Deus cristão...
Deus é Deus e pronto.
Alguém ousaria afirmar que uma pessoa como Gandhi (hinduista) não tenha chegado a um nível de entendimento e compreensão do que é Deus e do que é a vida?

Mas então surge a pergunta: "Então... As crenças de uma determinada igreja/religião que se pretende a verdadeira em detrimento das outras é uma farsa!"
O fato de se achar a única verdadeira é algo que eu julgo errado. (embora absolutamente compreensível e talvez mesmo necessário! Em outro post abordarei isso de maneira mais profunda.)
Mas o fato de ter suas crenças especificas, diferentes das dos outros, não invalida seu contato com Deus pois somente dessa maneira o homem chega a Ele.
O homem é preso a sua cultura, se descobre como indivíduo em sua cultura e se desenvolve nela.
Nesse sentido, eu, Henrique, ser humano criado no contexto da cultura ocidental cristã só tenho como me identificar plenamente com Deus segunda a própria cultura da qual sou parte.
Seria difícil (embora não impossível) eu me entregar ao caminho de uma religião oriental pois iria muito de encontro a minha cultura e, por extensão, a mim mesmo.

Isso tudo pode nos dar a impressão de que é tudo muito relativo e largado.
Não é!

Eu decidi seguir a Bíblia pois nela repousa a experiência com Deus (a essência da vida) de todo um povo que está na base cultural da minha própria identidade.

No mundo de hoje, as coisas andam muito largadas. A globalização nos apresenta na vitrine as diversas religiões e suas crenças. Tomamos de uma e de outra o que nos agrada nelas, na maioria das vezes por tornarem muitas coisas mais fáceis.
No entanto, a incompatibilidade entre nossa cultura e praticas alheias é grande e resulta num desvio de nossa parte do caminho em direção à essência da vida.
Daí a necessidade de uma, vamos dizer assim, "disciplina religiosa".
E dependendo da cultura do país ou de uma região, ser mais radical ou não.
Na Europa, a sentido do cristianismo, do respeito e da atenção ao próximo é, de forma geral, mais desenvolvido que no Brasil, que sofre muito por falta de educação e de meios adequados de vida para a população de uma forma geral.
Daí, eu ouso especular que talvez, no Brasil, seja mais necessário um apelo religioso mais radical e rígido do que na Europa.
Isso é apenas uma especulação da minha parte. E quero lembro que estou falando de religião e não de Deus.
Deus é tudo, Deus é a vida, Deus é o amor e Ele está em nossas vidas, queremos ou não. Ele está em nós quando amamos, quando nos alegramos, quando simplesmente "sentimos"...
E isso está presente em todo ser humano, seja ele evangelizado ou não!

Já temos aqui uma leitura bem grandezinha...

Mas para terminar queria dar um exemplo:
O sistema informático é todo baseado no esquema binário. Para o computador tudo se resumo a 1 ou 0. Nos não temos condições de usar e tornar útil um computador pela interpretação direta do sistema binário. Surgem então os softwares! Ou seja: a interface! Para que você possa usar o computador!
O computador sem interface não faz sentido para nos.
Todos nós humanos precisamos de uma interface de Deus para podermos entrar em contato com Ele. Afinal de contas seria impossível tentar ter um contato puro com ele. "Ele não pode ser representado por imagem alguma porque escapa a amplitude máxima dos raciocínios humanos" (palavras do pastor Ricardo Gondim)
Isso torna Ele menos real? De forma alguma!
O computador é uma farsa porque usamos ele pelo Windows e não numa interpretação direta dos 1 e dos 0?
De forma alguma!
É pelo Windows e pelos outros softwares que criamos programas complexos que interferem diretamente em nossas vidas.
O que não podemos é deixar de usar o computador.

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É isso pessoal... Muitas dúvidas, muitas idéias malucas...
Estou crescendo no meu relacionamento com Deus e será Ele e apenas Ele que me mostrará no que estou certo ou no que não estou.
Caso Ele venha falar comigo e me diga: "Não, Henrique, só as pessoas que crêem na Bíblia chegam a mim! O resto não vale nada! Gandhi? Pfff... Um charlatão!"
Então deixarei de defender o que digo acima.
Até agora Ele não me disse nada. E olha que eu oro, oro... E nada Dele falar comigo sobre isso.
=P

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Paizinho,
Obrigado por tudo, pela vida, pelas pessoas, pelos sentimentos, pela escolha... Por tudo!
Nos dê força, Paizinho, para fortalecermos nossa fé em ti, Senhor!
Faça de nós agentes da Tua palavra, Senhor
Nos ajude a fazer viver Jesus em nós, Senhor
Nos ajude a andar em uníssono com a tua vontade, Pai, segundo a sua essência.
Obrigado, Pai.
Amém



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